Linhas de pesquisa ampliam formas de desenvolver um software
Professor Fábio Levy Siqueira comenta como métodos da engenharia de software vêm se aprimorando para criar novos sistemas
Ao longo dos anos, não foi só a tecnologia dos colossais computadores dos anos 40 que se transformou nos smartphones multitarefas. As pessoas que têm acesso a esses dispositivos mudaram e, para suprir suas necessidades, moldaram novos comandos e funções na tecnologia que transformaram seu modo de viver. Não há outra razão para desenvolver um software senão a experiência e necessidade de quem o usa.
“Um dos grandes motivadores da área de engenharia de software é o mercado. Ao criar um produto, nós precisamos ver como aplicá-lo e como fazer com que ele contribua para o mercado”, diz o professor Fábio Levy Siqueira, do Laboratório de Tecnologia de Software (LTS) do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Escola Politécnica (Poli) da USP. “Na engenharia de software, você precisa produzir resultados que sejam úteis, aplicáveis”.
No PCS, o professor possui três linhas de pesquisa relacionadas à produção de softwares. A primeira dela é a engenharia de requisitos, responsável por levantar e documentar necessidades da parte interessada pelo software e desenvolver estratégias para que as metas estabelecidas sejam cumpridas.
A segunda é a de métodos ágeis, que “são métodos para situações turbulentas de negócio, onde o ambiente que você vai desenvolver o software muda com frequência”, explica o professor. “Por exemplo, para os casos em que o ambiente tem muita mudança de legislação, de requisitos, ou onde apareça um novo concorrente com um novo software”.
Dessa forma, um dos intuitos dos métodos ágeis é descobrir novas formas de dinamizar o processo de desenvolvimento de um software e conseguir entregar resultados ao cliente com frequência.
Outra linha de pesquisa de Siqueira é a transformação de modelos, ou seja, a criação de ferramentas que facilitem o refinamento de requisitos em algo que possa ser implementado.
Por outro lado, por ser uma área relativamente recente, a engenharia de software enfrenta a falta de capacitação profissional e de bases teóricas que apresentem melhores formas de desenvolver um produto — o que está sendo realizado aos poucos, por universidades e grandes empresas. Além disso, “a falta de fomento é um problema estrutural no Brasil. Os recursos públicos não são suficientes para fazer as pesquisas que queremos, e, para algumas áreas, geralmente há diversos obstáculos para se conseguir apoio da iniciativa privada”, critica Siqueira.
Larissa Lopes | Jornalismo Júnior
Foto: Nilton do Carmo