VII Encep: Docente do PCS Discute o Impacto Ético da IA na Pesquisa Científica
Na semana passada, a Profa. Dra Anarosa Alves Brandão, do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica (Poli) da USP, ministrou uma palestra no VII Encontro Nacional dos Comitês de Ética em Pesquisa (VII Encep). O evento foi organizado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), do Ministério da Saúde.
Durante sua palestra, a professora Anarosa abordou os principais desafios e avanços da ética na pesquisa com seres humanos no Brasil, destacando os obstáculos em estudos com novas tecnologias e o uso da inteligência artificial. A repercussão da palestra foi significativa, levando a professora a conceder uma entrevista à Rádio USP sobre o assunto nesta segunda-feira.
Na entrevista, disponível no link a seguir, a professora discute a crescente preocupação com o impacto ético das tecnologias nas pesquisas, especialmente com a ascensão da medicina de precisão e soluções computacionais para diagnóstico e monitoramento de pacientes: Ética e responsabilidade são fundamentais para o uso de IA em pesquisas científicas.
A professora Anarosa destacou que o desconforto entre pesquisadores e comitês de ética não se limita apenas à atuação direta dos profissionais da medicina, mas também se estende ao impacto ético das tecnologias nas pesquisas. Um dos principais pontos de preocupação é o viés nos algoritmos utilizados nas pesquisas, que pode ser influenciado pela qualidade dos conjuntos de dados. Ela exemplificou com a discrepância entre bancos de dados de pacientes gerados no Hemisfério Norte e a diversidade da população brasileira, o que pode levar a resultados desajustados.
Além disso, foram discutidas questões relacionadas à privacidade de dados no contexto da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, a transparência das informações implementadas nos algoritmos e a importância de educar os envolvidos na pesquisa sobre o uso adequado da inteligência artificial. A professora enfatizou a necessidade de construir termos de consentimento claros e precisos e defendeu a criação de cursos de extensão para capacitar pesquisadores e avaliadores sobre o impacto social e ético das tecnologias utilizadas.
Anarosa Brandão também ressaltou a importância de manter a integridade científica, citando que até mesmo resultados premiados, como os de um Prêmio Nobel, podem ser reavaliados se houver conduta inadequada no processo de pesquisa científica. Ela finalizou destacando a necessidade de educar e preparar os pesquisadores para analisar os usos das ferramentas digitais, garantindo assim a integridade científica e ética das pesquisas.